sábado, 29 de outubro de 2011

Calculadoras e o calculo mental (I)




Tive a minha primeira calculadora gráfica no secundário. Ganhei-a num concurso organizado pelo núcleo de estágio de professores de Matematica da escola secundária Francisco Franco no ano lectivo 1993-1994. Era uma CASIO fx-6300G. Era segundo trimestre, portanto, eu tinha 15 anos. Era a minha segunda calculadora. No ano anterior tinha ganho uma CASIO fx-115D (com a qual eu aprendi os números complexos...).
Até ter ganho a minha 1ª calculadora, até as raízes quadradas eu calculava à mão.
E graças a isso, ainda hoje sei fazer contas "de cabeça".
O cálculo "matemático" não é actualmente uma das prioridades primárias do nosso sistema de ensino e optou-se por tornar obrigatório o uso das calculadoras.
Desde 1999, quando concluí a licenciatura em Matemática têm me aparecido dezenas de alunos dos mais variados graus de ensino que têm sérias dificuldades em coisas que eu considero básicas.
Constou-me que (alguém que me corrija se eu estiver enganado) as calculadoras agora são introduzidas bem cedo na vida escolar para "não desmotivar os alunos" que não conseguem fazer contas ou que se enganam...
Até já ouvi argumentos (estúpidos) de pessoas que acham "anti-pedagógico" obrigar as pessoas a saber coisas como tabuadas, fórmulas de trigonometria, de derivação/primitivação... que para isso existem calculadoras e formulários.
Eu pergunto-me então para que serve a memória das pessoas?
Quando não se usa devidamente uma faculdade ela atrofia. Em condições mínimas, mas com trabalho tudo se consegue.
Algures em 2000 escrevi o meu primeiro programa simples de cálculo mental. A ideia original era expandir as minhas capacidades de cálculo mental, pondo a minha mente à procura de truques.

Por exemplo, 19×18=192-19=361-19=362-20=342.
192 já o sabia de cor de tantas vezes fazer 192=(20-1)2=400-40+1
Aliás, podem-se fazer todo o tipo de truques mentalmente, e com o devido treino até se conseguem efectuar os algoritmos da multiplicação e divisão rapidamente.
No entanto, o uso da calculadora invoca a pouco saudável preguiça mental.

O programa, corria na minha CASIO CFX 9950G e perguntava coisas do tipo 92x71, 1024:32, 1999-672, 1+1, e respondia certo ou errado conforme a minha resposta...

Recentemente voltei a reescrever e ampliar esse programa na minha TI-83Plus SE, e criei por exemplo uma versão para fracções. Tenho algumas ideias para mais ampliações, mas comecei a distribuir na minha skydrive as versões actuais.
Um dia, em breve disponibilizo as versões CASIO.
A velocidade de cálculo e de raciocínio faz, por exemplo os alunos nos testes e exames, ganharem tempo para as questões realmente importantes e que requerem que se pense um bocadinho.

Não me venham com a história que tirar a calculadora do ensino até ao 3º ciclo vai complicar a vida às pessoas. Muito pelo contrário, torná-las-à mais eficientes, desde que trabalhem.

Eu sou um grande fã da Matemática computacional, mas o que se passa actualmente é uma aberração.

Por isso, como não quero insultar a inteligência de ninguém, não vou dizer aqui quantas pessoas já "se entalaram" com uma pergunta simples, sem calculadora: quanto é 18:9?

Estupidificar as pessoas só é bom para quem quer pessoas com memória curta e sem capacidade de pensar em alturas de eleições.

Por hoje é tudo.
Deixei-vos como exemplo animado neste post o "nível 0" do programa de calculo mental com fracções. Existem mais 3... bem mais complicados.

Até à próxima.

PS:Estes programas para TI83Plus correm em todas as versões da TI-83, TI-84 e ainda TI-82 Stat (Que o TI-Connect reconhece como sendo uma TI-83!!!)

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