domingo, 20 de setembro de 2015

Matemática B e o processo de Burlonha

A criação da Matemática B, e a permissão de acesso ao ensino superior com esta versão amputada da Matemática está a gerar algumas das mais vergonhosas burlas de que há registo.
Existem, neste ano, em todo o país várias instituições que aceitam pessoal com Matemática B para cursos de economia, gestão, engenharias, algumas, reconhecidas pela ordem dos Engenheiros.
Outros,(ainda com Matemática B) tiram licenciaturas em gestão e depois conseguem entrar em mestrados em Matemática e em Ensino de Matemática (e concluem!).
B, de Burla.


Estamos a falar de pessoal que entre outras coisas bem mais sérias, por exemplo nunca viu um número complexo na vida mas, principalmente depois de Bolonha, tem acesso a um "mestrado em Matemática", que por vezes não passa de uma manta de retalhos amostral das áreas científicas do pessoal docente.

A falta de alunos das licenciaturas em Matemática permite este tipo de aberrações.
Estes "Matemáticos da treta" desconhecem por exemplo que existem bijecções entre os conjuntos dos racionais e o dos naturais, e ainda mais provavelmente devem desconhecer a existência de uma bijecção entre o conjunto dos reais e o dos complexos (um dia destes trato destes assuntos no meu blog "Zonα Exact4", fazendo assim algum serviço público para o qual ninguém me paga...).

Sabendo disto, quando olho, por exemplo para o actual plano de curso de Matemática da faculdade de ciências da universidade de Lisboa, apetece-me dar os meus parabéns ao coordenador de curso, o professor José Francisco Rodrigues.
Ali para entrar numa licenciatura em Matemática é necessária uma prova de Matemática A e uma de Físico-Química ou de Biologia, complicando o acesso ao curso ao pessoal que venha de cursos de ciências sócioeconómicas.
O plano de curso, como todos é discutível, mas "é honesto".
Se for seguido à risca os alunos saem dali com uma formação sólida e merecem o título de "Matemático".
No entanto, a faculdade de ciências já tem no seu "currículo" algumas burlas.
Recordo que no passado foi-me apresentado mais do que uma vez um plano de curso onde cada cadeira tinha um programa...e na verdade quando entro na sala de aula nem o programa é igual porque mudaram o professor mas não informaram os alunos que se inscreveram num curso com base no que lhes foi apresentado... Um pouco como os políticos em campanha eleitoral a vender promessas com palmadinhas nas costas dos eleitores e a dar um valente chuto no rabo deles logo após as eleições.
Seja como for, sendo o professor José Francisco Rodrigues o coordenador de curso, não creio que este tipo de situações se repita.

Voltando à burla da Matemática B...
No caso das engenharias, a ordem dos Engenheiros devia mostrar cartão vermelho às "engenharias reconhecidas" que admitem alunos vindos de Matemática B.
Os verdadeiros burlões aqui são as universidades e não os alunos que concorrem. Se lhes abrem as portas, não vão dizer que não.
Aliás, muitos psicólogos "no sistema" sugerem-lhes atalhos destes ao concluir o 3º ciclo.

Qual processo de Bolonha qual carapuça... o nome ideal é processo de Burlonha.

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