A avaliar pelo
post do professor Filipe Oliveira no blog
De Rerum Natura e respectivos comentários (vamos esquecer o meu por enquanto) não estou só ao achar grave a falta de rigor e desadequedação da Matemática que se está a ensinar no secundário.
Ao longo dos anos conheci pessoas que estiveram sugeitos a vários sistemas de ensino.
Fiquei deveras bem impressionado com as pessoas que vinham da Noruega, da Rússia e da Alemanha.
Comparado com o que eu aprendi no secundário em Matemática, perante eles eu era um analfabeto.
[Acabei o secundário com média de 20 a Física e a Matemática - agora que sou um nabo tenho de aproveitar todas as ocasiões que posso para me gabar!]
MAS:
desde que saí do secundário os programas do nosso secundário pioraram.(15 anos de pioria)
Isso signfica que aqueles que acabaram o secundário depois de mim, com iguais médias começaram (regra geral) a sair de lá "
mais analfabetos" do que eu.
Mas sejamos optimistas: as coisas conseguem ser mais graves.
Há alunos que entram nas engenharias vindos do secundário com uma aberração chamada "Matemática B", que a meu ver devia ser simplesmente extinta.
Se eu tive de apanhar com Fernando Pessoa, Cesário Verde, Bocage e vários outros poetas, que para uma pessoa de Ciências não passa de "cultura geral", os tipinhos de letras também deviam levar com Matemática a sério.
Não lhes faria mal nenhum, e a capacidade de raciocínio que é anormalmente baixa neste país (o que em parte justifica a situação actual) corria sérios riscos de aumentar.
Temos "Matemática"s intuitivas e sem rigor, temos uma Aberração !Matemática sem rigor não é Matemática. Dêm-lhe outro nome. Eu proponho
Aberração, designação que utilizarei a partir de agora.
(Nem vou falar no recurso às novas tecnologias que está a revelar-se desastroso.)
Por mim, psicólogos e pessoas das chamadas "ciências da educação" deviam ser caladas e perder todo e qualquer voto ou mesmo direito a opinião no que diz respeito a educação Matemática, e já agora de
qualquer ciência exacta.
A ideia de um puto não saber as tabuadas e poder utilizar a calculadora alem de errada é grave, e até dou um exemplo,
Suponhamos que um desses indivíduos está a fazer a multiplicação 11x12... mas ao efectuar a multiplicação obtém 1332, porque pressionou na tecla 1 mais tempo do que devia.
Muito provavelmente achará o resultado normal e seguirá em frente.
"Ah.. mas assim terá mais autoconfiança para resolver problemas"
Sim! Para resolvê-los de qualquer forma, e até com resultados errados.Se tem de gostar de Matemática, que goste pelo que ela é, e como ela é!
Matemática não é apenas um conjunto de receitas de cozinha. Matemática é mais a produção e apuração dessas receitas, do que propriamente a utilização!
A vida não é fácil para ninguém, e não é por ensinar Aberração a alguém que alguém aprende Matemática!
Se se ensinar Aberração as pessoas aprendem Aberração.
Mas se se ensinar Matemática, as pessoas podem aprender Matemática.
Será que precisamos chegar ao ponto de termos engenheiros (ou outra coisa) que sabem usar uma calculadora mas muito provavelmente (P>0.95) não sabem sequer o conceito por detrás de cada operação?
Obviamente não estou a pretender que tenhamos uma nação de matemáticos (ohh... mas eu seria feliz nessa nação), mas apenas que se acabe de vez com Aberração e se volte a ensinar Matemática.
Sobre o meu comentário ao post: É para que percebam que passar de "Análise" para "Cálculo" não é progresso!
Na realidade já havia quem ensinasse "Cálculo" mas lhe desse o nome de Análise
(VIGARISTAS! Ao menos a mudança de nome tornou-vos honestos!)
Já agora aprender um bocadinho de História da Matemática também não seria mau... (talvez assim, sem frequentar seja cálculo seja análise as pessoas compreendessem a diferença e porque é que Análise é melhor !)
Eu justifico: Se no século XVII Cálculo foi Matemática, no século XXI, Cálculo é Aberração.
Àqueles que querem ser Engenheiros a sério só dou um conselho: procurem universidades onde ainda se ensine Análise Matemática aos cursos de engenharia.
Deixem as outras sem alunos. Deixem os meus colegas matemáticos que não se opoem a Aberração no desemprego.
Porque quem não se opõe a Aberração não merece o título de "matemático" e muito menos de "professor de Matemática".
Que fique com o título de "professor de Aberração"...