sábado, 25 de maio de 2019

A "regra de Chain"

Quarta-Feira, 21 de Maio de 1997, 16h00m
Local: uma biblioteca de uma universidade pública... 

Numa mesa com três estudantes de Matemática... Dois rapazes (um deles, eu) e uma rapariga.
-- Olha, a minha primeira aula aqui foi Análise I. Meti a cabeça na sala e vi um gajo com uma capa aberta a copiar para o quadro. Sentei-me. E vi o gajo a continuar a copiar. Passados uns minutos concluí que aquilo não podia ser uma aula e saí. Pensei que era praxe. No dia seguinte, voltei, sentei-me. Era o mesmo gajo. Aquilo eram mesmo as aulas. Não era praxe... 
Acho que devia desconhecer o significado de "know by heart".
(Silêncio...)

-- O que é esta "regra de Chain" que a tipa de Análise IV usou nisto?
-- "Chain" deve ser o pior nome para um matemático. Em inglês ia fazer confusão com a regra da cadeia de "Análise III" . Espera... deixa-me ver isso.
Passam-se uns segundos enquanto eu olhei para o caderno.
--Isto É a regra da cadeia! A mulher deve ter visto "chain rule" e pensado que "Chain" era um matemático!
Olhámos uns para os outros e partímo-nos a rir.
-- Não pode ser!
-- Se o Carlos diz, eu acredito.
A rapariga olha para o caderno
-- Eu estou a ver mas não quero acreditar!
-- Eu já estou farto destas tretas. Vou para a sala de computadores.
-- Já não temos nada de informática. Que vais fazer?
-- Jogar Quake.
-- E não estudas?
-- Vou deixar de ir às práticas de Análise IV. Estudo em casa quando me apetecer. Se é para ter uma gaja a me dizer disparates... eu ainda tenho entalado aquele "ponto fixo" do cosseno que a gaja disse que não existia "porque é uma aproximação". Consegue-se provar pelo próprio teorema do ponto fixo de numérica, (que é um caso particular do de Banach de Análise IV), pelo de Bolzano, mas ela disse-me na cara "não existe porque é uma aproximação."
-- Ya! Realmente fizeram um abaixo assinado para o João ######### mas deixam esta intelectual aqui.
-- Eu tive uma dezena de cadeiras no 12º, fiz Matemática e Física com 20 e tinha média para ir para qualquer curso em qualquer lado, e vim parar a esta merda. 

Quando eu acabar o curso nunca mais quero por aqui os pés. Até amanhã.

Disse e saí em direcção à sala de informática, a sala 15.
Passei umas duas horas a jogar e depois fui para casa...

  • Não é por "todos" gostarem de um professor que ele é bom. Deixei de ir às práticas de Análise IV. A nota mais alta foi a minha. 
  • Nunca fui grande jogador de Quake... mas dar uns tiros descontrai.
  • Engraçado saber que do 5º ao 9º tive 5 a Matemática (escala 1-5) e no secundário acabei com média de 20 (1-20)... e os piores professores que tive na vida, foram professores de ensino superior. Péssimos profissionais!
    • Atenção que não estou a dizer que foram todos, ou muitos. Não estão a ser quantificados. Também tive professores muito bons!
    • Tipos bem mais nabos do que eu dão aulas no ensino superior e andam a fazer #$%#$##$ a olhos vistos, sem qualquer tipo de fiscalização rigorosa e sem qualquer penalização.
  • Não estejam à espera que eu algum dia esqueça. Releiam o texto, e compreendam o porquê. Há mais 'peças' neste puzzle... que até estão espalhadas neste blog, para quem tiver pachorra e tempo.
Até à próxima.

1 comentário:

Sao Freitas disse...

Parece que existem umas quantas áreas profissionais a merecerem uma fiscalização à séria...não só no ensino superior mas também na prestação profissional...não compreendo...simplesmente há áreas que parecem ser intocáveis e têm carta branca para fazerem tanta porcaria, sem qualquer tipo de sanção ou prejuízo!!!

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