E como não nasci ontem e já vários idiotas (desculpem-me lá, vou chamar os bois pelos nomes) me complicaram a vida, e eu tenho PROVAS disso, vou escrever um pequeno texto sobre as aulas de Matemática.
Hoje decidi por um dedo numa ferida que já está infectada, cheia de porcarias e a cheirar mal.
Como todo o não analfabeto, já fui aluno (e voltei a sê-lo) e já fui professor (será que um dia voltarei a sê-lo?).
Salvo alguns casos patológicos os grandes problemas da má fama da Matemática devem-se a:
- forma de exposição
- a más aulas/exposições
- falta de bases dos alunos (...)
Vou deixar os casos patológicos para uma próxima ocasião.
Forma de exposição:
A exposição de uma ideia, conceito, técnica, resultado ou algoritmo deve ser simples, nunca esquecendo que em geral estamos a expor para alguém com um background diferente do nosso.
E para minimizar gafes ou gralhas todas as aulas DEVEM ser preparadas com antecedência.
O improviso só é bom em pessoas com uma cultura Matemática bem grande, mas mesmo assim, essas pessoas normalmente são inteligentes o suficiente para preparar as exposições, até dar aulas geniais, e não têm problemas em recorrer a uma cábula para não se perderem.
Mau exemplo1: Numa certa faculdade de uma certa universidade, um dia um professor quis dar um exemplo de uma equação diferencial que modelava os cabos de uma ponte suspensa.
Começou a tentar deduzir. Perdeu-se. Transformou o exemplo no exemplo de um estendal. Mesmo assim não conseguiu, e no fim simplesmente escreveu uma equação diferencial genérica.
Até a Wikipédia tem várias possíveis abordagens ao problema relativamente bem explicadas!
(http://en.wikipedia.org/wiki/Catenary)
E para minimizar gafes ou gralhas todas as aulas DEVEM ser preparadas com antecedência.
O improviso só é bom em pessoas com uma cultura Matemática bem grande, mas mesmo assim, essas pessoas normalmente são inteligentes o suficiente para preparar as exposições, até dar aulas geniais, e não têm problemas em recorrer a uma cábula para não se perderem.
Mau exemplo1: Numa certa faculdade de uma certa universidade, um dia um professor quis dar um exemplo de uma equação diferencial que modelava os cabos de uma ponte suspensa.
Começou a tentar deduzir. Perdeu-se. Transformou o exemplo no exemplo de um estendal. Mesmo assim não conseguiu, e no fim simplesmente escreveu uma equação diferencial genérica.
Até a Wikipédia tem várias possíveis abordagens ao problema relativamente bem explicadas!
(http://en.wikipedia.org/wiki/Catenary)
Mau exemplo2: Numa certa universidade, numa certa cadeira de Matemática, o professor dava aulas passando e lendo os acetatos, e não fazendo nenhum nas aulas práticas.
...
!!! Se a ideia é ler, dêem-me o material que garanto que leio em casa.
Más aulas
Aqui... as más aulas têm de repartir as culpas entre professores e alunos.
Um aula pode ser má por não ter sido preparada, por não haver condições na sala (fisicamente), ou simplesmente porque os alunos não deixam haver qualidade.
Uma aula onde os alunos estão mais preocupados em conversar sobre o reality show do dia anterior ou sobre a foto do facebook que um zé qualquer colocou, não lhes rende nada, por melhor que seja o professor. No entanto, como a autoridade está sobre o professor, este consegue fazer da aula o que lhe apetecer usando as ferramentas que tiver à mão.
Uma aula em que o professor simplesmente copia de um suporte papel para o quadro, ou apenas lê acetatos também não é uma aula minimamente interessante.
No segundo caso, proponho que o professor tenha sentido de humor e dê piadas originais aos acetatos...
Uma boa aula de Matemática deve ter sempre uma dose de humor, de rigor e conseguir tornar interessante o mais estranho conceito.
O aluno pode ter motivação, mas o professor tem de fazer os possíveis por mantê-la, e se possível aumentá-la!
Os alunos devem trabalhar em casa sim, mas UMA AULA ONDE NÃO SE APRENDE NADA é um desperdício de tempo, e nesse caso mais vale ficar em casa (e falo por experiência própria: já tive cadeiras onde a melhor nota foi a minha e não apareci a 50% das aulas)!
Falta de bases
As faltas de bases dos alunos devem-se a muitos factores:
Falta de estudo ou de interesse dos próprios,
Professores que nos anos anteriores não cumpriram programas (isto devia ser considerado crime)
Falta de trabalho por parte dos alunos (há muitos motivos para isto, não vou desenvolvê-los hoje)
Desadequação da formação académica anterior (Exemplo: alunos de Matemática B a chegar ao ensino superior a cursos de Ciências e Engenharias)
...
Contornos aberrantes.
Como forma de combater o insucesso, alguns professores tornaram OBRIGATÓRIA a presença nas aulas, não admitindo a exame quem faltou a 25% ou 33% das aulas.
Ora...Isto é tremendamente estúpido. A menos que essas aulas sejam laboratoriais, tal imposição é mesmo aberrante. Se as aulas são más, é claro que os alunos vão faltar.
A melhor forma em casos de insucesso é começar por ouvir os alunos e tentar perceber onde está a dificuldade, e nas aulas fazer o possível por combater futuras ocorrências dessas dificuldades.
Tornar as aulas obrigatórias é sinal de mediocridade!
Notável excepção: se são muito poucos alunos, então sim, as aulas devem ser obrigatórias por forma a evitar que o professor acabe a falar para o boneco. Mas nesse caso, o professor deve perceber o recado e conversar com os alunos.
REPITO: conversar com os alunos.
Especificidades da Matemática.
A (boa) Matemática obriga a raciocinar, e regra geral as pessoas são preguiçosas a raciocinar.
Um bom professor deve incentivar ao raciocínio e qualquer aluno (desde o pior ao senhor perfeição) devem esforçar-se por utilizar a cabeça ... para o assunto [e não para formas de cometer fraudes na avaliação]
O raciocínio é o que nos distingue dos outros animais, e que nos tornou na espécie dominante neste planeta. Contrariamente ao voto, que por vezes não muda nada, o raciocínio lógico-matemático é responsável pelas mais belas criações do espírito humano.
Há professores que simplesmente papagueiam resultados e demonstrações, mas são incapazes de fazer os alunos utilizar esses resultados, enferrujando as mentes desses alunos.
Isto também DEVE ser crime.
Errar é humano. Um professor que se engane não deve insistir no erro, e corrigir-se sem medo disso.
[Sim, já tive cromos a disparatar à minha frente e insistiram no erro, mesmo com um contra exemplo à frente... EM MATEMÁTICA]
O professor, sim deve ser o possuidor de maior conhecimento na sala, mas nunca assumir "Estes gajos são uma cambada de burros" e com base nesse preconceituoso pensamento ser severo ao avaliar.
Aqui eu tenho alguns (vários?) maus exemplos, mas são demasiado específicos que só conto pessoalmente a quem mos perguntar.
É justo que se diga: Nenhum dos maus exemplos que apresentei aqui pertence à FCTUNL da universidade nova de Lisboa.
Mas pertencem a outros sítios por onde andei.
Este texto apenas toca superficialmente em alguns problemas e é baseado na minha experiência pessoal, e poderá ter novos capítulos no futuro.
A Matemática é algo que quando é estudada por gosto é acessível. Façam as pessoas gostar dela! O problema da Matemática não é a Matemática: São as pessoas!
O cargo de professor é um cargo de responsabilidade e de ensino e não um cargo para alimentar o ego!
O posto de aluno deve ser encarado como uma profissão, com responsabilidade e NÃO como passatempo!
Continuações de boa Matemática para todos.
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