Uma das coisas mais estranhas (e talvez revoltantes) do Acordo ortográfico de 1990 é a remoção das consoantes ditas mudas, numa tentativa de "aproximar a ortografia da oralidade".
Esta ideia é tão ridícula como a de unificar a pronuncia em todo o espaço lusófono.
O "ser mudo" ou não, não é assim tão universal como se pensa.
Os C's de actualizar, Egipto, facto, acto, acção, actuação, pacto, intacto, efectivo.. e muitas outras palavras são pronunciados por imensa gente, incluindo eu.
No entanto, de tanto serem escritas sem esses c's algumas pessoa começam a deixar de as pronunciar.
Ou seja, está-se a modificar a lingua portuguesa.
Há tempos escrevi aqui que o C de fractal não é mudo, nunca foi.
Só não digo "nunca será" porque a mentalidade actual de quem decide em assuntos de educação segue o perigoso caminho do facilitismo.
Mudar só porque qualquer coisa "é progresso" é uma forma errada de agir.
Já está mais do que provado e comprovado que este "acordo" apenas vai criar mais divisões na ortografia.
É muito arrogante e até ditador que uma coisa que afinal não foi assim tão bem pensada por uma grande minoria de pseudo-intelectuais seja imposta a uma comunidade tão grande.
Começa a parece-me que a ideia é mesmo matar a lingua portuguesa...
Note-se que agora é obrigatório fazer um exame nacional de inglês no 9º ano...
E, (eu falo por mim) sendo eu português, começo a preferir a lingua inglesa, onde fact continua a ter c, e reception continua a ter p.
Está a dar-se muito mais valor à lingua inglesa do que à nossa.
Andam a brincar com o português. Considero isso inadmissível, mas de vez em quando atiram-me à cara "o que é que isso te interessa?"
Se querem valorizar a lingua portuguesa voltem ao acordo dos anos 40
Que voltem consoantes "mudas" porque afinal não são assim tão mudas.
Já agora deixo como sugestão que se uma consoante não é muda em inglês, que não o seja em português.
Aos adeptos dos facilitismo digo que isto até facilitará a aprendizagem do inglês.
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