segunda-feira, 27 de maio de 2013

De uma equação diferencial até à relação de Euler.

A minha relação com os números complexos foi, inicialmente, muito auto-didacta.
Hoje vou mostrar-vos como percebi como se deveria definir a exponencial complexa, cerca de um ano antes de ter tido análise complexa.
O facto não foi muito surpreendente pois já tinha tropeçado com a fórmula antes em algumas leituras. Em particular, a fórmula

eiπ + 1 = 0

Apareceu-me algumas vezes, (ainda antes de ter visto a fórmula com funções trigonométricas) e confundia-me pelo facto de eπ nem ser inteiro...
Consideremos a equação diferencial

d-y = ky
dx
y(α) = yα

A solução desta equação diferencial eu já a conhecia de outras aventuras, e penso que qualquer um com os conhecimentos mínimos de cálculo diferencial/integral consegue deduzir a fórmula da solução sem grande esforço.
Eu vou apresentar aqui uma dedução, mas o leitor mais apressado pode saltá-la.

d
dxy = ky

⇔ -d-y- ky = 0
  dx

   -kx-d-    -kx
⇔ e   dx y- e   ky = 0

⇔  d-(ye-kx) = 0
   dx

⇔ ye-kx = C

⇔ y = Cekx

y(α) = yα ⇒ yαe-kα = C

⇒ y = yαek(x-α)

A função cis, complexa, de variável real, define-se da seguinte forma

cisθ := cosθ + isinθ

onde i é a unidade imaginária.
Ao derivar esta função observa-se que:

d-cisθ  =   - sinθ+ icosθ
dθ
       =   i2sinθ+ icosθ
       =   i(isinθ+ cosθ)
       =   icisθ
Ou seja
d-
dθcisθ = icisθ

Esta relação mostra que a função cis satisfaz a equação diferencial do início deste post, com k = i
Se admitirmos que aquela solução é válida para valores de k complexos, como cis0 = 1 então:

       i(θ-0)
cisθ = 1e

ou seja

eiθ = cisθ

Esta última relação é uma das relações responsáveis por se definir a exponencial complexa como se define habitualmente (a menos que se defina pela série de MacLaurin).
Em partitcular, esta relação dá-nos:

eiπ + 1 = 0

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