Até agora apresentei a dedução e alguns exemplos de aplicação da fórmula de Tartagia (ou Cardano-Tartaglia se preferir).
Hoje, para finalizar os posts sobre a fórmula de Tartaglia vou falar do discriminante.
Sempre que se tiver a equação
e a condição + ≥ 0 a equação tem uma solução real dada pela fórmula.
vimos ainda que esta fórmula pode dar todas as soluções da equação desde que se considere
onde α é uma das raízes cúbicas da fórmula anterior interpretada como raiz complexa, e β determinado a partir de α pela fórmula
Recorrendo a estas fórmulas é relativamente fácil provar que
Se Δ = 4p3 + 27q2 .
Δ < 0 | Três zeros reais (distintos) |
Δ = 0 | Um zero real simples e um duplo. Se p = q = 0 A eq. só tem um zero que é triplo. |
Δ > 0 | Um zero real simples e dois complexos conjugados |
A dedução é simples, qualquer pessoa que tenha acompanhado estes posts e conheça e saiba utilizar as fórmulas de De Moivre deve conseguir fazê-la.
(É simples sim. Até eu fui capaz de o fazer!)
(É simples sim. Até eu fui capaz de o fazer!)
A fórmula de Tartaglia permite ainda resolver equações polinomiais do 3o grau completas.
fazendo a substituição
temos:
é equivalente a
Que é uma equação que pode ser resolvida recorrendo à fórmula de Tartaglia.
Exemplo:
Faz-se
Ficamos com
Logo há 3 soluções reais. Poderá demonstrar sem dificuldade que:
Mas esta fórmula não será a mais desejável visto que obriga a trissectar um ângulo. Então, vou mostrar o que podemos tentar fazer:
Ao calcular α3 chegamos ao valor -28/27+i (5/3)√ 3
Mais uma vez, o truque passa por tentar completar um cubo
Ao calcular α3 chegamos ao valor -28/27+i (5/3)√ 3
Mais uma vez, o truque passa por tentar completar um cubo
e que já "sabemos"quanto é a2 e b2
ou seja, ficámos a saber um dos α. Sabendo um, facilmente se determinam os outros dois e os correspondentes β.
Assim sendo
Portanto
Não tenho nenhuma cópia do livro.
Li-o através do serviço de bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, a quem devo muitas das melhores leituras da minha adolescência.
Durante a licenciatura em Matemática, para meu choque, nunca vi esta fórmula em disciplina nenhuma, embora esteja historicamente associada aos números complexos ou ao desenvolvimento da Teoria de Galois.
De facto, com as técnicas da Análise Numérica, e mesmo o Teorema do Resto, e processos como a divisão de polinómios, muitas vezes todo este trabalho acaba por se tornar redundante ou pouco eficiente, mas faz-me admirar todos aqueles que entre os séculos XVI e XVIII dedicavam o seu tempo a estes problemas.
Espero que tenham gostado.
Até à próxima.
Carlos Paulo.
1 comentário:
Gostei muito. Aliás ler os posts deste blog é sempre um prazer. Obrigado! PJ
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